quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A ARTE DE SER FELIZ




Nasce-se chorando e já se sabe que o fim não é diferente,
Mas durante o trajeto de nossas vidas, as veias pulsam
Em busca de um sentimento substancial, algo que preencha
Esse vazio que se tem e não se conhece a origem,
O nada que habita nossos corações e que força moradia,
A angústia de não saber o motivo pelo qual aqui nos encontramos.

Quando criança, prantos e sorrisos dividem o espaço e o tempo,
Mas o abraço materno nos basta, um pirulito é a própria metafísica,
Um brinquedo é a realização eterna, não há mais problemas,
As lágrimas secam e o sonho se realiza, um viva aos bens materiais!

Na adolescência, outros desejos aparecem e a curiosidade
Da descoberta surge avassaladora, mudanças hormonais
Demandam desbravar caminhos, sobretudo explorar
Os tesouros do próprio corpo, atingir os limites do impossível.

A idade avança e não se percebe a ciranda dos ponteiros,
Ainda não se sabe definir o que valeu a pena,
É-se adulto e as responsabilidades se multiplicam,
Vive-se consigo e a vida dos outros, tudo é um todo.

Compra-se, viaja-se, conhece-se, ama-se!
E o abismo continua confortavelmente assentado
Na poltrona com os pés sobre a mesa de centro do peito,
Apossado do controle remoto de nossas vidas.

O coração já acelerou várias vezes,
Já se despedaçou algumas outras
E já se reconstituiu outras tantas...
E agora, José? Onde está a felicidade?

Em que momento e em que lugar eu fui feliz?
Com quem, como, por que, por quanto tempo?
A felicidade deveria ser e não estar,
É água, pois quando se tem, escorre-lhe pelas mãos...

É fênix e o coração palpita quando menos se espera!
A felicidade seria a plenitude do amor? Defina o amor!
Bipolar! ... se os maiores mestres já poetizaram sobre a sua dualidade...
Não! Algo mais profundo: ainda não responderam à pergunta

Depois que se é feliz o que acontece?...?...?...
Talvez o único caminho seja encher o coração de esperança,
Néctar-ilusório capaz de preencher o âmago da nossa espécie,
Ser que é dado à luz já natimorto e que se despede moribundo-vivo...